Pronto-socorro ou Pronta-morte?
A sexta passada começou com os planos pra um almoço de aniversário sugerido por minha melhor amiga, mas, por interferência do Murphy (claro), ela acabou passando mal e ao invés de irmos almoçar, a levei para o pronto-socorro. Apesar da preocupação, eu não conseguia deixar de pensar no quanto detestava hospitais e que se o convênio dela fosse tão bom quanto o meu, eu estaria fodida.
Chegamos lá por volta do meio dia e meio e depois de todo aquele processo chatíssimo de "assina isso e aquilo", pediram que aguardássemos na sala de espera que o médico a chamaria. Eu ainda achava que tudo seria rápido e indolor, mas quando vi aquele mundarel de gente, pensei "Puta merda, não saio daqui hoje", deviam haver umas 20 pessoas ou mais aguardando atendimento, entre as 20, pelos menos umas 10 estavam com conjuntivite. Então, me sentei em uma daquelas cadeiras victorianas, alcochoadas com o melhor material da Europa e ali fiquei, rezando para todos os Santos para que eu entrasse em modo Stealth e passasse despercebida pela conjuntivite.
E enquanto esperávamos, eu observava aquele monte de pessoas bonitas e super bem vestidas, era quase um Fashion week, um colírio para os olhos, sem contar os momentos em que surgiam alguns "seres" falando dialétos que só eles mesmo entendiam (budega do garai).
E agora, vamos a parte mais incrível - pra não dizer outra coisa - do dia. Haviam duas médicas atendendo no momento em que chegamos ao hospital, e durante um dos atendimento, uma delas sai do consultório com o celular na orelha. Ela caminhava de lá pra cá e então resolveu parar no meio da sala de espera e em alto e bom som, começou a dizer "Ah, mas o paciente está com isso e aquilo, o que eu receito? Um anti-inflamatório, né? Mas por quantos dias? Uns 8? Melhor 6" e eu assisti à cena pensando que em algum momento ela desligaria o celular, olharia pra todos sentados ali e diria "HÁ, pegadinha do malandro", mas claro, não foi o que aconteceu, ela voltou pro consultório e receitou o que quer que a pessoa tenha lhe sugerido do outro lado da linha. Fiquei boquiaberta com a situação, mas conclui que todos somos humanos e temos o direito de fazer coisas absurdas ao menos uma vez na vida, mas, enquanto eu debatia o assunto internamente, ela sai do consultório novamente e volta a repetir a mesma cena, ou seja, ela realmente não sabia o que diabos estava fazendo ali, provavelmente comprou o seu diploma e passava a semana sentada nos bares próximos a faculdade enchendo a cara ou então, o hospital estava sem nenhum médico disponível e por isso, fizeram "unidunitê" entre as recepcionistas e a escolheram pra brincar de médico naquele dia.
Mas se vcs pensam que para por aí, estão enganados, poucos minutos após a falha gravíssima da "tal médica", uma outra surge de um outro consultório com um Raio-X na mão, e saiu rodando o hospital inteiro, perguntando pra todos os médicos que cruzavam seu caminho, o que eles viam no Raio-X. E não, ela não fez isso só uma vez, ambas as médicas saíam continuamente pra consultar seus "colegas" a respeito dos diagnosticos e sobre qual tratamento deveriam passar para seus pacientes. Unbeliavable.
Fiquei com uma pena absurda da minha amiga e até sugeri que procurássemos um outro hospital, pela competência evidente daquelas médicas, ela provavelmente sairia dali com algum diagnostico que não tinha nenhuma relação com os seus sintomas, mas ela preferiu continuar e pra sua sorte, acabaram aparecendo outros dois médicos, que aparentemente eram mais competentes, apesar de que na altura do campeonato, eu não botava minha mão no fogo por mais ninguém.
E meu almoço de aniversário acabou sendo as 4 horas da tarde, em um restaurante renomado em frente ao hospital. A decoração era impecável, cadeiras e mesas de plástico da Brahma, toalhas manchadas. Não posso deixar de mencionar a comida, o lanche de frango pedido pela minha amiga, vinha guarnecido de queijo, catchup e plástico. Ah sim, e tudo isso ao som de músicas sertanejas, longe de ser uma poluição audiovisual.
Mas, por incrível que pareça, foi um dia divertidíssimo, nunca imaginei que pudesse rir tanto dentro de um hospital.
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