A arte de pedir desculpas

By 2:52 PM

Gente que se desculpa por tudo, até por existir, eu não gosto. Gente que só pede desculpas por pura estratégia, para ganhar tempo, avançar no terreno do outro e ganhar a palavra final { leia: ter razão}, também não.

Mas gente que se arrepende do que fez, mais do que isso, gente que compreende suas próprias motivações e ações e percebe seus erros, passa a mão no telefone ou escreve um e-mail dizendo: ‘olha, estive pensando, não fui muito bacana quando fiz isso ou disse aquilo assim assado’, eu adoro. Acho digno. Bonito. Chique.

Oui, oui, por puro processo de identificação. Se tem uma coisa que a princesa sabe fazer nessa vida é pedir desculpas. E é tão bom poder admitir que erramos!

Às vezes acabamos perdendo o amigo e a piada porque passamos dos limites e achamos que o outro tem a obrigação de entender que tratava-se de uma brincadeira ou de um mau momento nosso somente porque esse outro nos ama, é nosso amigo, pai, mãe, irmão, vizinho, amante e/ou companheiro.

Não tem! O outro não tem a obrigação de entender nada. Ele não está no mundo para atender nossas vontades, entender nossos erros, amansar nossas fomes, suscitar nossas crenças e nos doar afeto independentemente de.

Nem nós conseguimos aceitar alguns tropeços que damos, por que o outro teria que ter essa complacência?

Errar é humano, mas se desculpar é divino. Divino, no dicionário:
adj. 1. De, ou proveniente de Deus. 2. Encantador.

Se desculpar é divino, proveniente de Deus, porque nos faz entender que existe algo além de nós: o sentimento do outro, por exemplo!

Mas pedir desculpas não é tão simples! É preciso, antes de mais nada, um auto-estudo constante. É preciso conhecer-se, observar-se. É preciso aceitar-se sem precisar da aceitação alheia. É preciso ter capacidade de abstração e de se colocar no lugar do outro. Só assim é possível enxergar um erro - sem se culpar ou sentir vergonha - e consequentemente pedir desculpas.

Pedir desculpas não é se rebaixar, é admitir que erramos e que o outro existe. É uma arte.

Às vezes é preciso tempo! Só mesmo o tempo consegue nos mostrar que estávamos equivocados. Não importa. Não importa se passou um ano, dez anos, cinco meses: sempre é tempo de pedir desculpas! Quando o tempo passa, tendemos a pensar: ‘já faz tanto tempo, para quê mexer nisso’? E acabamos não nos desculpando. Grande erro! Grande erro porque acabamos não esquecendo a falha cometida - ela fica zunindo a noite toda feito besouro fedido no teto - e não sabemos se o outro ficou de fato machucado.

Pedir desculpas faz bem para quem escuta e para quem fala. Alivia. Desanuvia. Em alguns casos, pode ser um recomeço. E o melhor de tudo? Não tem efeito colateral! Experimente!

Fonte: Princesa Franciny

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