Quando criança, eu adorava essa época do ano. Eu me lembro de tudo como se fosse ontem, eu e minha irmã sentávamos na mesa da cozinha da nossa antiga casa e nossa mãe nos entregava uma folha para que pudéssemos escrever nossa cartinha pro Papai Noel. Nós duas ficávamos ali por horas, escolhendo as palavras certas e também o presente que pediríamos naquele ano.

Depois de finalmente terminar a carta, as colocávamos em um envelope e no campo "Destinatário", escrevíamos: Papai Noel - Pólo Norte.

A jornada não encerrava por aí, depois da carta escrita e da imensa ansiedade que nos consumia até que chegasse o dia 24, íamos em busca do capim, sim, capim. Nosso pai nos levava em um sábado a alguma praça próxima de onde morávamos e nos ajudava a escolher o capim. Vcs devem estar se perguntando o que diabos capim tem a ver com Papai Noel, bem, o capim era para as renas dele que estariam cansadas e famintas após visitarem milhares de casas ao redor mundo.

Depois da carta enviada e do capim devidamente recolhido, era só aguardar, essa sempre era a pior parte, principalmente nos anos em que o presente escolhido era algum brinquedo maravilhoso. Então, no dia 24, antes de saírmos para a ceia na casa da minha avó, eu e minha irmã abríamos uma fresta na janela da sala e colocávamos um par de nossos sapatos próximos a abertura, e dentro deles, o capim.

Em algumas noites, os presentes já estavam ao redor da árvore ao voltarmos da ceia, gritávamos feito loucas, pensando "Nossa, o Papai Noel nos visitou em primeiro esse ano", em outros anos, tínhamos que esperar até a manhã do dia seguinte. Lembro que minha mãe nos assustava, dizendo que ele só viria se nós dormíssemos, que o Papai Noel consegue sentir quando a criança está acordada e vai embora. E pra conseguir dormir depois disso? Eu ficava deitada na cama, com o rosto coberto, aflita e quase chorando de medo do Papai Noel descobrir que eu estava acordada. Mas, na manhã seguinte, os presentes estavam todos lá, para meu deleite. E houveram vezes em que jurei ter ouvido o sino do trenó, crianças.

E vcs, acreditaram em Papai Noel?