Old school

By 10:23 PM

Hoje, enquanto caçava algo interessante para a aula com a minha nova mini-aluna, resolvi fazer uma limpeza no computador. Há anos que não fazia isso, simplesmente porque não tenho muita paciência.

Em meio a varios shifts+deletes, encontrei um pasta com o nome de "Poemas e Textos" e não consegui conter o riso ao abrí-la. Dei de cara com centenas de poemas escritos há cerca de uns dez anos atrás e, logicamente comecei a ler um por um.
Os temas eram sempre os mesmos, poemas ultra-depressivos ou então algum ódio alimentado por um amor não correspondido. Eu sempre detestei textos, poesias e até mesmo livros que fossem todos bonitinhos e felizes. Nunca me atrai por histórias de amor óbvias e clichês ou por aquelas que descrevam detalhadamente e cansativamente a beleza da natureza. Em minha opinião, isso é tudo um tédio. Eu sempre fui apaixonada pelo obscuro, principalmente histórias relacionadas a algum tipo de terror mórbido, sim, eu fico um mês sem dormir depois de lê-las ou assistí-las, mas isso não quer dizer que eu não as ame.

Em meus dezoito aninhos (o que foi ontem), eu era "gótica". Me vestia apenas com roupas pretas, tinha os cabelos vermelhos, os esmaltes sempre escuros, usava coleiras, spikes e todos os tipos de acessórios existentes na época. Meus pais queriam morrer sempre que eu entrava em casa com o batom preto na boca. Já houveram ocasiões em que minha mãe veio correndo atrás de mim com uma bíblia, alegando que jamais aceitaria uma filha "satânica", mas ela acabou se acostumando com o fato de eu não querer ser como todos os outros.

Com o tempo algumas coisas foram ficando pra trás, aos poucos fui acrescentando outras cores em meu guarda-roupa, tentei outras tonalidades no cabelo (hoje sou semi-loira) e procuro manter meus pensamentos um pouco menos auto-destrutivos, rs. Mas mesmo diferente de antes, eu ainda tenho aquele goticismo encravado em mim, eu nunca deixei de ouvir os Death metals de antes, nunca deixei de usar os esmaltes escuros ou de detestar textos/poemas felizes demais, eu apenas me tornei uma pessoa mais...tolerante, se é que essa é a palavra certa.

E encerrarei esse post biográfico com um poema digno de cortar pulsos escrito por mim, em meados de 2001. E pra uma menina de 18 anos, eu até era bem criativa. Enjoy!

"O Suicídio

Porque será que está tudo tão obscuro?
Tento falar e ninguém parece me escutar
Ouço um pranto seguido de um brado
Tento perguntar o que está acontecendo
Mas apenas sinto meu sentidos desaparecendo.

As vozes começaram a parecer cada vez mais distantes
E de repente tudo ficou silencioso
Não sei quanto tempo se passou
Mas em um lugar estranho meu corpo ou alma despertou
O mesmo era trevoso, deserto, senti um grande temor.

Ergui-me de um rochoso e quente solo
Senti uma dor indescritível em meu braço
Ao fitá-lo notei um imenso corte
Mas segui caminho e procurei continuar forte.

O lugar parecia morto e suplício
Não havia nada além de mim e o medo
O que está acontecendo?
Será que estou sonhando? Será um pesadelo?

Ao continuar andando
Senti mãos me puxando
Me horrorizei ao ver aquilo e gritos não contive em dar
Mas de nada meu temor pareceu adiantar

Corri desesperadamente
E ao notar que estava distante daquelas horrendas criaturas
Joguei-me ao chão e não hesitei em lágrimas derramar

Comecei a refletir nos fatos
E à uma conclusão cheguei
Que eu estou no inferno
Porque me suicidei."

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